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Sou Luanda e Benguela
A dor que se rebela
Morte e vida no oceano
Resistência quilombola dos pretos novos de angola
De cabinda, suburbano
Tronco forte em ribanceira
Flor da terra de mangueira
Revel do Santo Cristo que condena
Mistério das kalungas ancestrais
Que o tempo revelou no cais
E fez do rio minha África pequena
Ê malungo, que bate tambor de congo
Faz macumba, dança jongo, ginga na capoeira
Ê malungo, o samba estancou teu sangue
De verde e rosa renasce a nação de zambi
Bate folha pra benzer pembelê
Kaiango guia meu camutuê
Mãe preta me ensinou bate folha pra benzer
Pembelê, kaiango
Sob a cruz do seu altar inquice incorporou
Forjado no arrepio da lei que me fez vadio
Liberto na senzala social
Malandro, arengueiro, marginal
Na gira, no jogo de ronda e lundu
Onde a escola de vida é Zungu, fui risco iminente
O alvo que a bala insiste em achar
Lamento informar
Um sobrevivente
Meu som por você maculado
Sem ser convidado pela burguesia
Tomou a cidade de assalto
E hoje no asfalto a moda é ser cria
Quer imitar meu riscado, descolorir o cabelo
Bater cabeça no meu terreiro
É de arerê, vento de matamba
É dela o trono onde reina o samba
Sou a voz do gueto, dona das multidões
Matriarca das paixões, Mangueira
O povo banto que floresce nas vielas
Orgulho de ser favela
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