Cifra Club

Tudo o que você precisa saber sobre o movimento Riot Grrrl

Para além de um termo com ótima sonoridade, Riot Grrrl refere-se a um dos maiores movimentos punks feministas da história. Em uma época dominada pelos homens, as meninas entraram em cena e mostraram que também podiam tocar rock. E o melhor: sem precisar aceitar o sexismo e fazer coisas que não acreditavam.

Integrantes da banda Bikini Kill
Bikini Kill, uma das principais referências do movimento Riot Grrrl (Foto/Reprodução/Internet)

Nos shows, foram as primeiras a denunciar o assédio sofrido dentro e fora dos palcos. A igualdade e a liberdade eram os seus principais pilares. Já no cotidiano, cantavam e cantam sobre a garra daquelas que são tratadas, muitas vezes, como só um rostinho bonito.

Conheça o movimento Riot Grrrl

Talvez você nunca tenha ouvido falar do movimento Riot Grrrl, mas, certamente, conhece algum grande nome que se inspirou nele. Alanis Morissette, Gwen Stefani, Mary J. Blige, Cássia Eller, Rita Lee e até mesmo Shakira. Todas elas, de alguma forma, já mostraram a sua indignação sobre o modo com que as mulheres são vistas.

É em homenagem a esse movimento, tão essencial mesmo nos dias atuais, que falaremos mais a seguir. Confira!

O que é o Riot Grrrl?

O Riot Grrrl foi um movimento punk underground iniciado no começo dos anos 1990, em Washington. Em síntese, seu objetivo era empoderar mulheres e dar a elas o protagonismo no universo da música. Ainda mais se considerarmos o contexto da época, em que os homens dominavam o rock and roll e outros estilos.

Juntas, as garotas cantaram e protestaram pela liberdade. Mais do que isso, mostraram que não eram fracas, nem só rostinhos bonitos.

Um dos manifestos que representam a essência da causa foi uma fanzine escrita por Kathleen Hanna, vocalista da Bikini Kill e da Le Trigre. Nela, dizia-se que as garotas começavam uma revolução e que estavam cansadas da forma como eram representadas.

Vale lembrar que, naquela época, eram constantes os comentários de que as mulheres não tocavam igual aos homens, nem eram boas artistas. Ou, até mesmo, de que participar dos shows deturpava suas mentes e rompia com o que era aceito na época. Por isso, elas deveriam ser afastadas da música e focar somente em tarefas domésticas.

Neste contexto, o movimento Riot Grrrl surge justamente com esse propósito, à medida que incentiva outras mulheres a se tornarem artistas.

Como surgiu o movimento?

Existem muitas teorias de como, de fato, começou o movimento Riot Grrrl. Uma das mais aceitas diz respeito a uma ação em conjunto para acolher uma mulher que quase foi estuprada na universidade. Após esse encontro, em um contexto não tão feliz, surgia a Bikini Kill, uma das primeiras bandas compostas e lideradas somente por mulheres.

Naquela época, a mesma Kathleen Hanna da fanzine e Tobi Vail eram dois dos principais nomes do movimento. Durante os shows, uma frase ficou marcada na história: “Girls to the front” (garotas à frente). Inicialmente, a ideia era só pedir que as mulheres fossem para a frente do palco, criando uma rede segura.

Lembrando que os assédios físico e moral eram muito comuns nas apresentações. Garotas eram agredidas, abusadas e estupradas nos shows, e ninguém fazia nada. Lado a lado, uma simples frase teve o seu papel enquanto revolução. “Garotas à frente” também as incentivava a se tornarem protagonistas, mostrando que são capazes.

Desse modo, o Riot Grrrl deixava de ser somente um movimento cultural e atingia tons políticos e sociais. Enquanto cantavam, as mulheres defendiam seus direitos e lutavam pela igualdade.

Como eram os shows do movimento?

Não pense que os protestos se resumiam a só colocar as mulheres na frente do palco e cantar sobre o empoderamento. Nos shows, as garotas pintavam o corpo com frases pejorativas e ofensas que ouviam por serem quem são. Até hoje, esse hábito ainda faz parte de algumas apresentações.

Além disso, ainda vemos outras marcas do movimento Riot Grrrl atualmente no universo da música. Ele continua vivo e sendo muito importante para a representatividade feminina. Isso sem falar que, aos poucos, foi adotando novas causas, se tornando mais plural e inclusivo.

Por mais que as mulheres brancas fossem o maior destaque, a causa cresceu. O racismo, a homofobia e todo tipo de preconceito começaram a fazer parte do elenco.

Isso aconteceu ainda mais quando ficou evidente que nada adiantava brigar pelas mulheres se outras eram excluídas. Era o que acontecia com as garotas negras, que não tinham espaço no cenário punk. Assim, o movimento Riot Grrrl se adaptou, e as Sista’s Grrrl Riot são uma das melhores consequências disso.

As garotas traziam o movimento negro para dentro da causa e mostravam que não queriam ser deixadas de lado. Como resultado, se tornou, também, uma das principais vertentes do movimento afropunk nos anos subsequentes.

Quais artistas aderiram ao movimento?

Existem alguns nomes que são considerados pioneiros. A banda Bikini Kills foi tida como a precursora. Hanna cantava sobre o assédio, o abuso e a misoginia que as mulheres sofriam com riffs ardentes e versos crus. Já a polêmica Courtney Love, da Hole, foi um dos principais nomes, mesmo não se reconhecendo em algumas representações da causa.

Vale lembrar que Love tem o seu papel não só pelas músicas cantadas, como por tudo o que representava na época. Era uma mulher que fazia o que queria sem se preocupar com julgamentos. Ela “lançou moda”, além de ter inspirado várias cantoras que surgiram futuramente.

Paralelamente, Bratmobile tem o seu papel com o político disco Pottymouth, que mostrou que o rock e as canções divertidas poderiam ficar juntos. O álbum foi até mesmo parodiado por The Runaways em Cherry Bomb. Deu o que falar!

No México, em 1996, o mundo conhecia as Ultrasonicas, uma das maiores bandas de rock femininas da história. As garotas deram voz a todos os seus incômodos e se tornaram uma das referências da época.

Já no Brasil, uma das principais representantes foi a banda Dominatrix, composta por Elisa Gargiulo, Marina Takahashi, Fernanda Horvath e Nina Pará. Ainda hoje, mais de 20 anos após o início do grupo, as garotas mostram nos seus shows que o Riot Grrrl continua vivo.

Por fim, é importante ter clareza de que alguns homens também participaram do movimento e mostraram sua indignação. No entanto, focaremos apenas nas garotas, que são as protagonistas deste texto.

Divulgue o movimento Riot Grrrl

Com muita luta, garra e coragem para lidar com as críticas, o movimento Riot Grrrl empoderou as mulheres. Mais do que isso, mostrou que elas poderiam estar e cantar o que quisessem. Como resultado, influenciou várias cantoras ao longo da história, além de ter servido como base para vários grandes nomes atuais.

E você, já tinha ouvido falar do movimento? O que achou do texto? Compartilhe nas suas redes sociais e fique por dentro das novidades do Cifra Club!

Foto de Ayllana Ferreira

Ayllana Ferreira

Jornalista apaixonada por conteúdo. Curiosa nata, geek e apaixonada por tudo o que envolve cultura. Escreve para o Cifra Club desde dezembro de 2021.

Leia também

Ver mais posts

Cifra Club Pro

Aproveite o Cifra Club com benefícios exclusivos e sem anúncios
Cifra Club Pro
Aproveite o Cifra Club com benefícios exclusivos e sem anúncios
OK