Visitei o boiadeiro o meu herói do passado Me contou a sua vida com o rosto acapunhado Percorri o meu país sempre transportando gado Boi berrava no meu peito não pensei em casamento, vivo só e abandonado Eu sou lá de Andradina já tive um punho de aço Cortei estradas desertas no meu cavalo picaço Consegui sobreviver manejando um forte laço Hoje velho arrebentado, descanso o corpo cansado na cadeira do terraço Até o rei do café me chamou de Zé ninguém O barbeiro de Barretos me recebeu com desdém Pensavam os prepotentes que eu não tinha um vintém Eu tive grandes vitórias pra deixar nome na história tive derrotas também É só falar de boiada a saudade me fascina Eu vejo o gado pastando lá no verde da campina Hoje tudo é passado à tristeza me domina Embora velho e cansado eu já fui o rei do gado sou nascido em Andradina