Me apareceu em visão de sonho Caboclo beicuço, de chapéu Enunciou um intendo bisonho Para que finalmente pudesse ir pro céu Emendou história em pesadelo Me fez ver, ouvir o que aconteceu Arrepiei espinha, tudo os cabelo Era um lamento, incontestável Meus pedaços em Taquaruçu Os separe dos animais A voz dos degolados no Iguaçu Fala de meus ancestrais O que contou foi profano Criança comendo abelha antes do mel De um riso complacente e vaqueano Povo cego na mão de coronel A pátria armada queimou a igreja E derrubaram inté o nosso santo Tanto tiro bomba nos alveja Nem Deus conseguiu ouvir o pranto Compraram enxerto importado E costuraram em linha trem Pra remendar esse machucado Sem perguntar a nada nem ninguém Enterrados na doença e fome Tratados na base de massacre Nossa cova não tem nome Defunto, vale Acre Pro final teve açougueiro Também me sapecaram no sapé Uns viraram até nobre herdeiro Mas os nosso, é pois, José O que você ouviu é história Conte para que não se repita Nem sempre a glória É de quem a vomita Pro além ele partiu Mas no espelho o reconheci Quiça em minha veia seu sangue corre Essa luta não chegou ao fim