Eu não sou, meu amor, seu bicho de dormir, aquele que vai estar quando você quiser,
E que vai te abraçar quando você fica sozinha e o medo vem bater.
Não posso prometer que não vou me mexer, se tudo desabar, que ainda vou estar lá,
Quando você voltar louca pra dormir e me encontrar
Imóvel em um sorriso, quieto, inanimado, pronto a te proteger contra qualquer estrago que a vida vá fazer e você queira esquecer.
O medo que se tem de voltar a ficar só até explica, mas não justifica manter alguém por conforto ou por dó.
Bem ou mal, é bem melhor deixar que tudo crie vida.
Deixe que tudo crie vida.
E parta se quiser...
Eu não sou, meu amor, quem vai poder lhe abrir, os olhos pra enxergar, a porta pra sair,
Quem vai lhe atrasar, pra algum compromisso certo que você queira fugir.
Não quero permitir, não posso mais estar, não sei pra onde ir, mas não quero ficar,
Eu não vou lhe pedir, insistir em alguém pra culpar.
Não somos bons culpados em ombros de gigantes, apenas baixas vozes sonhando alto-falantes, com tempo pra perder, sem tempo pra dizer.
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