Um pouquinho de ódio E um pouquinho de dor E da favela pro mundo Mais um monstro se criou Me lembro direitinho Como era antes Eu não tinha Uma moeda pra comprar Um lanche E minha mãe Na correria pra nos sustentar Chegava em casa cansada De tanto trabalhar E o meu pai vagabundando Na mesa de um bar Chegava em casa transtornado Querendo nos matar Eu cresci vendo isso Muleque astuto Pobre louco e sonhador Cheio de ódio do mundo Querendo achar maneiras Da vida mudar Ou de encontrar um sentido Pra não parar de sonhar Mas o tempo foi passando E o menorzinho crescendo Colhendo toda maldade Do que estava vivendo E conheceu Maria e Juana E já foi se envolvendo Quando foi ver já era tarde Já estava no movimento 157 da pista Agora ele é vida louca Se espelhava no patrão E no gerente da boca Seguia os mandamentos Dos cara de touca Aos poucos era respeitado Na favela toda Eu só queria uma Glock Com pentão adaptado Porque sabia Que aquilo ali Fazia um estrago Ou talvez não era isso Que estava querendo Mas acreditava Que a rajada Tirava o seu tormento Só não quero ver Minha coroa sofrendo Porque ver a senhora chorando Está me matando por dentro E a tristeza nos meus olhos Vai se escorrendo E a cada dia que passa O meu ódio está crescendo Mas papai do céu Perdoa todos esses momentos Em que eu deixei Os meus ódios Me controlar por dentro Pois eu sei que lá do céu Ela segue me vendo Então te peço volta Agora vou Porque nós estamos sofrendo Queria um dia Poder mostrar meu talento Não estou matando E nem roubando mãe Eu só estou escrevendo Se tem que ver como Que os menores estão crescendo Mas a porra da internet A mente está corroendo Mas nada passa batido Porque Deus está vendo Mas nada passa batido Porque Deus está vendo E todo ódio Que eu plantei, porra Agora eu estou colhendo Então parei Pensei E olhei Um novo dia já vem Hoje o mundo Educa muita gente Muita gente O mundo educa Mas não vira ninguém Então parei Pensei E orei Pelo que você Tem O filho que a mãe recusa O crime adota E vários viram reféns