Na estrada que passa boi Às vezes saio andando Com uma bengala na mão Pra não acabar tombando Os cascos na areia branca Me enchem de felicidade Me lembro o tempo que foi Na estrada que passa boi Eu venho matar a saudade Em uma sombra me sento Fico olhando a campina Aonde a vista alcança E a estrada termina Então em uma miragem Ouço um berrante tocando O estouro da boiada O grito da peonada É o sono que está chegando Ali mesmo adormeço Em sonho vejo então Voltar os tempos passados De quando eu era peão Meu laço de doze braças Meu arreio e meu gibão O pala e o baixeiro Os colegas boiadeiros Que não sei onde estão Logo desperto do sono E vejo a realidade Um pobre velho entrevado Quase morto de saudade Então volto pro meu rancho Com todo o meu coração De quem já foi estradeiro Do tempo de boiadeiro Só resta a recordação