Documento de Caboclo

Tonico e Tinoco

Composição de: De Carlito/De Laureano Declamação/Poesia
Tonico: - Laureano escreveu Documento de caboclo na época da Guerra. 
Quando a pessoa viajava, tinha que se identificar com documento, no caso o RG. 
Sendo estrangeiro tinha que apresentar a car-teira Modelo 19. 
Um caboclo ia viajar de trem, com sua violinha na mão, e o fiscal pediu os seus documentos. 
Veja a resposta do caboclo: 

Foi um dia de semana, na Estação Sorocabana. Parei pa apreciá o movimento, quando num certo 
momento vejo um cabra desaninhado, com uma viola assim, dum lado, que parô e ficô pensando, 
pensando em comprar a sua passagem para fazer viagem naquele primeiro trem. Ele tava só, 
sem mais ninguém a não sê a sua companheira, uma viola encordoada, com fitinha amarrada 
assim bem na cabeceira. 
O cabra era caprichoso, ele não era moço, mas também não era idoso. Ele tinha seu lenço no 
pescoço, um terno de riscado bem feitinho, bem taiado. Tava bem apresentado o cabocro, na 
estação. 
E quando abriu o portão, pos passageiro passá, foi aquela confusão, pois todos queriam entrá. 
Mas o guarda de serviço acabo com o reboliço num instante, num momento. Isto só pra mor de 
podê vê os documento de quem fosse viajá. Pois tinha que mostrá, na mão das autoridade, 
provando a nacionalidade, mor de vê que não era estrangeiro. 
E chegou a vez do cabocro, de ele prová que era brasileiro. Assim, bem na portinhola, pra 
entrá na estação, segurando a viola e a passage na outra mão, o cabocro foi entrando. 
Foi quando o guarda de serviço já foi logo perguntando: 
- Moço, o senhor ainda não mostrô, cadê seu passaporte? Pois o cabocro viu a morte 
com aquela pedição. 
- Eu já vou prová quem eu sô, mai documento eu não tenho. Pro meu Brasi eu vô, e do meu 
Brasi eu venho. 
Seu moço, o senhor repara, óie bem pra minha cara. Eu tenho cara de estrangeiro? 
O senho óia pra essa viola, esse bichinho que consola só um peito brasileiro. 
O senho óia pra minha mão, eu tenho ela calejada de puxá o cabo da enxada e manejá o facão. 
E então, seu inspetô, me diga o que eu sô. Sô brasileiro ou não? 
O guarda já foi falando: - Cabocro, ocê pode ir passando. 
Ocê só disse a verdade e também provô a sua nacionalidade. 
Pois pra sê um cabocro, violero, catirero e fandanguero, pode se procurá no mundo intero, 
que não se encontra no estrangero: ele tem que sê é brasilero.
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