Olha bem naquela esquina Vou parar naquele farol Menino ou menina, Caixa de bala enfrentando o sol Uma moeda paga a limpeza do pára-brisa 50 centavos, 20 centavos... quem precisa? Eu sei! Depende da semana inteira Muitos lutam contra todos Pra não fazer besteira E no frio é pior, se liga só Saudável ou não, importa quem administra, não tem dó E as crianças se ajudam de olho no futuro, Pois quem pode ajudar, só deixa furo E só o apoio necessário fica difícil evitar os furtos E, muitas vezes, vão parar do outro lado do muro Anjos da cara suja, em contato com a maldade Querendo apenas ter uma infância de verdade Carrinho eletrônico, boneca, bambolê Acabou-se a magia, o que se vai fazer? Trabalhar, estudar, que dúvida difícil E fazer os dois é quase impossível Momentos que não dá pra brincar A coisa é mais séria do que se pode imaginar Meu deus, ajude o menino muito mais, Ooh, lá, lá... Deixa ele crescer em paz, ooh, lá, lá... Ignorância, ganância, sinta a fragrância da menina na calçada Pequena distância, trabalha duro, não pára um segundo Dama da noite, profissão mais antiga do mundo Uma corta cana, ganha uns trocados A outra tá nervosa, precisa de um cigarro Tô ouvindo um alvoroço vindo lá do quarto E a menina que já sentia a dor do parto Não vê a hora de se tornar mulher madura Apesar de sua atitude totalmente prematura Muitas pessoas já passaram pelo exemplo Que estou citando hoje Já pensou se ela for mais uma mãe solteira aos 14? No olhar, a marca da infância perdida Isso é, se a droga não chegar antes e levar a sua vida E essa vida bem diferente da sua Nunca teve mordomia e vive nas ruas A confusão já começa dentro de casa A irresponsabilidade dos pais é que atrasa o lado A maior falta de inteligência é achar Que tudo pode resolver com violência Doutoras, professoras, psicólogas neuróticas Bom estudo, aparência, ilusão de óptica Se preocupa mais com crianças que nem conhece direito Se acha no direito de exigir respeito Refrão Homem é problema, sempre esperto nos esquemas Aventura estampada no peito feito um emblema Parecem os garotos da terra do nunca Tem sempre um peter pan comandando, liderança profunda Nos faróis fecham os vidros, olhando pelo espelho É medo do moleque de chinelo de dedo Corre, corre, a polícia não demora a chegar Bateram a carteira de alguém e o menino é quem vai pagar Muitas vezes a escola é lembrada apenas pelo nome O interesse é a merenda que ajuda a matar a fome Bate uma bola, andar de carrinho de rolimã Fazer a rabiola da pipa pra soltar amanhã O garoto que a dez anos atrás tinha 10, agora tem 20 Você pode ser a vítima seguinte Depois todo mundo vai querer condenar Mas ninguém quer fazer nada pra ajudar Se todos fizerem a sua parte com boa intenção Eles terão de volta seu respeito como uns cidadãos Alguns na candelária, outros na febem Todos os dias milhares de jovens são assassinados Também a vida dura continua na rua, na fuga dos trens Deus proteja esta molecada em nome do pai, do filho, amém.