Ah, velho, eu sinto os calos na sua mão, E gotas de suor percorrendo o seu rosto, A vida não tem sido tão generosa, É fácil perceber o seu desgosto. Ah, velho, eu vejo os golpes da sua enxada, Remexendo a terra e espalhando sementes, Os campos têm sofrido com tempos de seca, A raiva é a causa do ranger de seus dentes. Ah, velho, eu sinto o cheiro do seu fumo de palha, Impregnando o ar com desilusão, Seus filhos têm partido pra não mais voltar, Agora entre as paredes só solidão. Ah, velho, eu ouço as notas do seu violão, Preenchendo a noite com tristeza, Os meses têm corrido com lentidão, Seu corpo já demonstra fraqueza.