Debruçado sobre a tarde No parapeito das casas Reacende as últimas brasas Que em breve vão se apagar Olham uma tropa cruzando No curral de uma jamanta Sente garras na garganta Ao ver os fletes passar Cavalos, quantos cavalos Domados mesmo que filho Com baldas do seu lombilho Que por capricho deixou Sente a picanha do tempo A ferir cada vez mais Assistindo aos funerais Dos cavalos que domou São os revezes da vida A machucar a velhice Se o bicho não existisse Diminuiria o cifrão Por isso, seguem os cavalos Na derradeira tropeada Levando a poeira da estrada Do último puxirão E volta ao rumo das casas Vestindo um poncho de ausências Lembrando as reminiscências Do seu último fortim E segue ouvindo retouços Com relinchos e bufidos A machucar os sentidos De um velho quase no fim