As minhas mãos domadoras contemplo com certo encanto: é boa a comida que faço. Cresce a semente que planto. Não tenho serras nem armas nestas mãos, simples e rudes. Mãos de laços e de tentos, fazem cacimbas e açudes. Ai, vida de desencontros! nestas mãos tão desvalidas levo balaios de afagos, punhados de despedidas. A alegria de meus dedos nunca foi contar dinheiros. Mãos de remos e de enxada sabem abrir os viveiros. Eu tenho mãos guitarreiras - um árduo ofício aprendido leve no tanger das cordas e desabotoar os vestidos. Ai, vida de desencontros! nestas mãos que Deus me deu contemplo com certo espanto a vocação pra o adeus.