Eu suplico a Deus infinito Nesta prece que vivo a rogar Estou longe do meu pé de serra Sentindo saudade sem poder voltar Afastei-me de lá muito novo Por não ter outro meio pra viver Minha terra tornou-se caipora Jogou-me pra fora pra me ver sofrer Destinei-me a vagar pelo mundo Uma lágrima em meu rosto desceu Acabou-se a minha alegria E o desgosto em meu peito bateu Viajei avistando a morada Fui levando à separação Dividindo as minhas passadas E duas espadas no meu coração Com três anos resolvi voltar A procura de mamãe querida Ao chegar encontrei a morada Deteriorada e ela falecida Nenhum trapo sequer encontrei De uma veste pra me consolar Por lembrança tinha a sepultura Cheio de amargura fui lhe visitar Soluçando, choroso dizia Minha mãe, minha mãe, onde estás Foste tu que enxugaste meu pranto E hoje neste canto enxugar jamais E sozinho, lá passei a noite Sem querer companhia de alguém Soluçado e derramando pranto Que me visse chorava também E saindo lá do cemitério Fui parar na antiga morada Vi que a casa me denunciava A lembrança de mamãe amada Encostei-me em baraúna Sombreada tinha ao terreiro Soluçando baixinho dizia Baraúna do meu desespero Foste tu por mamãe tão zelada E hoje dela não temos roteiro Lentamente o vento soprava A ramagem com frio entre o açoite Nisto veio uma brisa mansinha Me ajudando fazer o pernoite E a baraúna embalava os galhos Me banhando com lágrimas da noite O xexéu que saudoso cantava Despertou-me a lembrança de outrora Nisto veio o claro do dia Expulsando a noite pra fora Olhei triste, para baraúna Despedi-me dela e fui embora Eu termino com lágrimas nos olhos E saudade no meu coração E ao povo da minha terra Eu dedico esta triste canção E ao povo da minha terra Eu dedico esta triste canção