Meu nome é ansiedade E eu tenho o meu próprio programa Sim eu sou a celebridade Que 2020 ama Dizem que tenho dificuldade Em conseguir lidar com a fama Mas seu papel é só levantar a mão O meu é segurar a Genkidama Falaram que eu não conseguiria Olha agora onde eu tô Alguns falam que eu sou vazia Mas só são cheios de cocô Reclamam de como eu trato o amor próprio E de fato o ódio que existe entre nós não é brinquedo Aqui no escritório é briga de território Isso não é nenhum segredo Não dá pra entender Porque que demorou esse tempão Não dá pra entender Pra eu ganhar a sua permissão Não dá pra entender Pra hostear o meu próprio programa Não dá pra entender Robinson todo mundo me aclama Robinson você é burro Digo memo não sussurro Empurro, surro, dou murro De talento em Dom Casmurro Sua vida é entediante Não tem nada interessante É um discípulo de Kant Crítica à razão pedante É o arquétipo patético De um pré-diabético Estático diante Do meu ritmo frenético Estético, elétrico, inédito Mais que isso tudo métrico Meus versos são ecléticos Fáticos, fartos, proféticos Me fala Robinson na batida desse som Porque cê fica na sombra? É de se assombrar O tempo vai te cobrar Tá legal, tudo bem, vou dizer, vou falar Nunca sei se devo me decidir Qual caminho prosseguir A inércia catapulta meu destino Sou assim desde menino Penso demais Por tempo demais, vacilo demais Êxito demais Eu quero te contar, ansiedade Que talvez seja verdade tudo o que você falou Que eu tenho muita dificuldade Para com tranquilidade entender quem sou Sou uma pessoa ou um saco de batata? Nessa vida chata, pacata, sensata, sem sal, sem sonho e abstrata Que acata, que cata alegrias, que agride (com) agonias Que acolhe apatias encolhe a existência em pura monotonia Borrão indiferença um dia de outro dia No medo de viver a vida com autonomia Me sinto incapaz de tomar decisões Manter o tanto faz evita confusões Eu só desejo paz sem atribulações Quem se desresponsabiliza Se visibiliza perante as ações E fantasmas não deixam funções