Nas profundezas das bibocas eu nasci Onde a esperança não chegou pra visitar Senti na pele a solidão de um bem-te-vi Sem rumo certo comecei a caminhar As águas passam e o rio faz seu caminho Mesmo sozinho, ele sabe onde chegar Nas margens turvas, ao cantar de um passarinho Ouvi seu canto e bati asas pra voar Em cada pedra que em meu peito fez morada Em cada pealo em que o chão me resgatou Houve um momento de ternura disfarçada Que só o tempo com o tempo me ensinou Já não me importo se vou levando pedrada A vida ensina e tenho muito que aprender Pois dessas pedras fui moldando minha estrada E hoje são trilhos pros meus filhos percorrer É bem assim sem rumo certo que saímos Fazendo planos de encontrar os nossos ninhos Tal qual o rio é o percurso que seguimos Voamos longe como migram passarinhos Em cada pena que eu perco em meu penar Que irá ficar pra amaciar essa jornada Cheia de curvas onde temos que trilhar Frente ao bodoque, sob a mira da pedrada