Ao povo da Rua vou saudar
Peço licença, com reverência vou pisar
Nesse sagrado chão, que chamam lar
Jornal e papelão é cama, é mesa, é altar
Fogueira para a noite esquentar
Cachaça para a alma iluminar
Na roda da comunhão
Embrulhado em papel de pão
Incenso pra cidade perfumar
Terreiro onde vive o trecheiro
É santificado no andar do andarilho
E, no compartilhado, é multiplicado
O pouco que chega às mãos
Mas não pense que esse povo
Tá desamparado
Ele é protegido, ele é vigiado
A Lua no céu e a rua no chão!
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