Da parte do Nhanduí Na linha dos Potiguara Não dou mole na umbigada Repara pa não cair É raio de estrela a cingir Rabiscano a madrugada Eu sou bicho da boca da barra Criado nas praias de Icapuí Meu sangue eu não esqueci É rasto que nunca se apaga Da coral, da cobra-de-viada De outros parentes que eu não conheci Se fazem presentes aqui No que dizem que eu já não sou Mas que o caixote de coco A maraca, o pé da pisada não deixa mentir A pele pintada do sol Guaraci Noite nasce, Jaci vem dourada E me conta mesmo tão calada Segredos de um tempo que eu não vivi Assim calados quantos eu não vi Já nascemos com a língua cortada Nela hoje não sei quase nada Mas vou usando o que aprendi Meus avós foi quem me ensinou a andar pelos mato Meus avós foi quem me ensinou a ter gosto dos mato Palavra que nasce rachano o asfalto Eu vou dizer bem alto Que eu sou a semente-caboca Plantada na mata outra vez renasci Que eu tô me virando caboco E carrego nos olhos o que ainda há de vir Eu tô me virando caboco (Bastião, Memenga, Gilberto e uns oto) Eu tô me virando caboco (O Nação Pici com negrume no rosto) Eu tô me virando caboco (Zefinha batendo o zabumba com gosto) Eu tô me virando caboco (Tonhita, Lilica, Mundim meu garoto) Eu tô me virando caboco (Cia Bate Palmas fazendo o papoco) Eu tô me virando caboco (Raiz do Griô nas áreas do Rodolfo) Eu tô me virando caboco (No Oco do Mundo, na praça com os loucos) Eu tô me virando caboco (Mandingar, vadiar na Quebrada do Coco) Eu tô me virando caboco (Até de manhã cedo e ainda acha pouco) Eu tô me virando caboco (Na beira da praia batendo esse coco) Eu tô me virando caboco (É na beira da praia batendo esse coco) Eu tô me virando caboco (É na beira da praia batendo esse coco)