Certa manhã Vagando pelo pomar Ouvi triste gorjear Lá no galho da paineira Era um velho João-de-barro que cantava E com emoção chamava Pela sua companheira Naquele instante Olhando sua morada Com a portinha fechada Chorou lágrimas de dor Era aquele João-de-barro de outrora Que ao lar retorna agora Para libertar seu amor Mas o destino Outra vez foi caprichoso João-de-barro viu de novo Sua esperança perdida Desesperado Novamente ele voou Pois seu bem ele encontrou Dentro da casa sem vida Que semelhança Entre o nosso fadário Ambos somos solitários Caminhando para o além Enquanto tu João-de-barro vai voando Eu também sigo vagando Depois que perdi meu bem