Vivo do milho que eu planto e também trato a bicharada Com polenta e milho verde eu criei a filharada Faço quirera pro pintos, pato, galinha e porcada Ainda guardo talo e folha pra algum tempo de geada Faço conta do que eu uso e o que eu posso vender Levo o tanto que me sobra no vizinho pra moer Faço o brique no bolicho por coisas de precisão Querosene, sal e erva, arame, prego e facão A alegria de um bravo agricultor Ver o milho embonecando com chuva, Sol e calor Família unida nos costumes do interior Pede proteção ao céu e cuida a terra com amor Vida de quem é do campo, defendendo sua existência E, buscando seu caminho, fez daqui sua querência Não assusta com prenúncio de algum inverno bem feio Deus abençoou a safra e está com o paiol bem cheio Milho que seca no pé tá sujeito a apodrecer Se é tempo de chuvarada e a nuvem aparecer Quebra a planta em cotovelo, serviço da gurizada É um festival de coceira, beliscão e gargalhada A alegria de um bravo agricultor Ver o milho embonecrando com chuva, Sol e calor Família unida nos costumes do interior Pede proteção ao céu e cuida a terra com amor Grão que nos dá o sustento, digo com toda certeza Rico ou pobre, não importa, presente em todas as mesas Brasil do colono forte, que, na primária cultura Semeia nosso alimento e nos dá tanta fartura Do pé se aproveita tudo e no trançado se trabalha Cadeira, cama e colchão, balaio e chapéu de palha Entre secas e geadas, sigo aguentando o repuxo Só me assombra a rataiada, as lagarta e os caruncho A alegria de um bravo agricultor Ver o milho embonecrando com chuva, Sol e calor Família unida nos costumes do interior Pede proteção ao céu e cuida a terra com amor