Quando Antônio nasceu Nasceu devendo favores A mãe pra sua vó devia A vó devia pras tias E as tias, as tias deviam horrores Para os amigos, conhecidos E outros tantos doutores E nessa troca de favores É claro que ele não entendia quando alguém dizia Este não é um país para amadores! O povo reclamou, no plenário discutiu Desde então pouco mudou, quem nos vê e quem nos viu Verá o futuro quem, com sorte, previu O candidato que mentiu, o bandido que fugiu Da pátria que os pariu E assim Antônio cresceu Como a bolsa de valores Um dia ganhando aqui Outro dia perdendo ali Segundo as cotações e outros rumores Sonhando com a realidade Conforme os seus pendores E nessa troca de favores Ele quase entendia quando alguém dizia Este não é um país para amadores! O povo reclamou, no plenário discutiu Desde então pouco mudou, quem nos vê e quem nos viu Verá o futuro quem, com sorte, previu O morro que ruiu, o fogo que tudo consumiu Na pátria que os pariu É claro que Antônio morreu E seu sorriso era lindo entre as flores Lembranças boas pra contar As tristezas ficaram pra lá Pra que sofrer com tantos dissabores A verdade é que ele partia Devendo para muitos senhores Pois nessa troca de favores Ele bem que sabia e ainda não entendia Que este não é um país para amadores O povo reclamou, no plenário discutiu Desde então pouco mudou, quem nos vê e quem nos viu Verá o futuro quem, com sorte, previu A represa que explodiu, a lama que matou o rio O vírus que surgiu, o dinheiro que sumiu Da pátria que os pariu!