Um dia sonhei um porvir risonho
E coloquei o meu sonho
Num pedestal bem alto
Não devia e, por isso, me condeno
Sendo do morro e moreno
Amar a deusa do asfalto
Um dia ela casou com alguém
Lá do asfalto também
E dizem que bem me quer
Eu, triste boêmio da rua
Casei-me também com a Lua
Que ainda é minha mulher
É cantando que carrego a minha cruz
Abraçado ao amigo violão
Minha noite de luar já não tem luz
Quem me abraça é a negra solidão
É cantando que afasto do coração
Esta mágoa que ficou daquele amor
Se não fosse o amigo violão
Eu morria de saudade e de dor
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