Eu canto a cidade
Eu canto o amor
Eu canto as palmeiras
Da rua paysandu
Eu conto a verdade
Eu conto o horror
Eu conto as palmeiras
Da rua paysandu
Eu conto os preços no arpoador
E os enguiços do elevador
Eu conto as horas na zona sul
E as palmeiras na rua paysandu
Eu conto as casas no vidigal
E os fidalgos na ilha fiscal
Eu conto os nomes em nheengatu
E as palmeiras da rua paysandu
Eu canto a cidade
Eu canto o amor
Eu canto as palmeiras
Da rua paysandu
Eu conto a verdade
Eu conto o horror
Eu conto as palmeiras
Da rua paysandu
Se o bom da vida
É ter um céu azul
Melhor então
Viver feito urubu
Lutei lutei
Mas já me acostumei
A merecer
Você, você, você
Eu leio a sorte no sacolé
E vejo a morte em toda mulher
Eu vejo a carne se desprender (a carne)
E conto os ossos a aparecer
Eu conto os móveis de jacarandá
(É móvel, é móvel, é móvel, é móvel)
E as varandas contemplando o mar
Eu conto as moscas a me corroer
(Olha a mosca!)
São 1 bilhão 338 milhões 760 mil 422 moscas
E eu ainda tô contando aqui, heim!
Eu canto a cidade
Eu canto o amor
Eu canto as palmeiras
Da rua paysandu
Eu conto a verdade
Eu conto o horror
Eu conto as palmeiras
Da rua paysandu
Se o bom da vida
É ter um céu azul
Melhor então
Viver feito urubu
Morrer, morrer
Em sonhos veranis
Pra me esconder
Debaixo dos debris
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