Eu já abandonei muita gente, Mudei de casa e de opinião, Me indicaram a porta da frente, Mas só funciono sem ter direção. Enfio o braço em covil de cobra e Sofro muito, mas ainda acho pouco, O que é seguro pouco me interessa – Quero sentir a vida no meu corpo! Se todo mundo tem que se encontrar, Se todo mundo precisa de tempo... Eu perdi os últimos anos me adequando a algum papel, Que hoje, queimei, E a verdade é que eu sempre soube o que sou. E é por isso que eu grito e que eu rasgo o retrato imperfeito pintado De alguém que eu não vou ser, Eu não sou o seu livro ou o remédio fajuto indicado Pra nunca aparecer. E é por isso que eu grito e que eu rasgo o retrato pintado De alguém que eu não vou ser, Eu sou tudo de certo e um tanto de errado, cuidado Quando me conhecer... Quando me conhecer, Quando me conhecer. Será que a gente só pode ser um, Se eu sinto que há muito mais em mim? Será que escreveram em algum lugar: “Você é isso” – e fim? Não, não... Sou como o fogo que se alastra e mata - Ou traz calor pra não morrer de frio. Eu posso ir dormir feliz pra sempre - E acordar me sentindo vazio!