Esses dias eu andava Procurando inspiração Revirei a coleção Dos meus discos de vinil Chegou me dá arrepiu Quando encontrei um artista Um exímio repentista O maior deste Brasil Tirando o pó da vitrola Botei logo pra rodar E comecei recordar Ouvindo escola do mundo E quando vi lá no fundo Num disco bem pequeninho História dos passarinhos E um sentimento profundo A definição das pilchas E a definição do grito Eu escutando ali solito Dizem que o poeta é louco Eu sentadito num toco Mula preta e acordeona E a gaita velha chorona Quase me deixando rouco Sempre, brincando com a rima Provocou, foi provocado Respondeu relho trançado Rimando ele foi com tudo Chico torto e cabeludo E o baile de respeito Sempre assim desse jeito Só dançavam macanudo Reconheço que sou grosso Também tocou por ali Escutei sarava pra ti E eu não sou convencido De um gaúcho um pedido Rolou lágrimas no papel Sonhei que fui pro céu Fiquei ali comovido São os sinais do tempo Desta linda jornada A velha faca prateada Mexe com as emoções Cinco comparações É mais uma das cantigas E a figueira amiga Machuca com os corações E do facão três listras Também deu a resposta Colocou seu talento a mostra Em melodias bem rimadas Ele foi o rei da caçada É era grande o seu cartaz Nós somos todos iguais Assim sou eu, nessa toada Percorrendo o rio grande Dá saudade da minha terra E no meu peito já encerra Lembranças de campo e lida De histórias tão sofridas Ouvindo tranças de china Essa letra nos ensina O valor da estrada da vida Pra deixar esclarecido Eu agora dou a prova Eu falo do rei da trova Que igual não existiu E nesse monte de vinil O dono da rima perfeita Se chama gildo de freitas O campeão do desafio Ao trovador do rio grande Minha homenagem é feita Ao saudoso gildo de freitas Que foi artista lendário Gaúcho extraordinário Só de lembrar me comove E em dois mil e dezenove Completa seu centenário