Papai morava na roça Com a casa sem mobília Passava dificuldade No peso de uma família Foi grande batalhador Seu nome até hoje brilha Contava histórias tantas Sentado depois da janta Num banco pés de forquilha Os carinhos de papai São coisas que não esqueço Das palmadas de mamãe Meu irmão sempre travesso O sorriso da irmã Meu paletó no avesso São cenas que já ficaram Sobre o meu peito deixaram Cicatriz que não mereço O monjolo persistente O silêncio entrecortava O gemido do urutau Toda noite me assustava As mais bonitas auroras O meu sertão deslumbrava O folguedo de menino Mudava o meu destino Conforme a vida passava Mamãe um dia foi embora Papai depois a seguiu Meu irmão deixou o mundo A mana também partiu Levaram tudo que eu tinha Deixaram-me um vazio São golpes que a vida abre Só meu coração que sabe Quanta dor que já senti