Quando me embrenho pelo vale do Jequitinhonha São doze léguas e o sol rachando a terra seca Ouvindo o canto da cigarra ao cair da tarde E o gavião com suas garras traiçoeiras Ai...jequitinhonha na areia escaldante a fome aumenta E a duras penas o povo vive há tua beira Dona Dinorá abre a janela que as estrelas vém mais cedo As companheiras das noites de solidão E seus cabelos brancos feito nuvem de algodão Dona Dinorá será que é medo da pintada a espreita No umbuzeiro cair da tarde vém a tropa da baixada vém E o véi Quirino levanta e pega as cangaia veia A viagem é muito longa ouço o canto na aldeia O povo lá do vale já acordou bem cedo A fome lá no vale a tristeza aumenta Não adianta chegar assim bem cedo a morte é certa Lá no vale e quando vem é anunciada