Uma luz que se apaga Outra luz que acende Se repete e propaga Feito um curso insistente Cidade confusa e estranha Automóveis lhe rasgam as entranhas Você me assustou no início Depois virou meu vício Ficou difícil te abandonar Então eu me esforcei para encontrar Um canto meu, e me assentar Quando julguei ter você inteira Na palma da mão Numa rasteira, você virou o rosto Me jogou no chão Hoje sou espectador, resignado É minha sorte ser, sozinho e errado Eu olho a cidade, com meu canto eu indago Existe alguém como eu do outro lado Cidade pulsante e torta Um caos que me conforta Esquinas em contradição Uma chance de reinvenção Procure olhar atento Sob a carcaça de cimento A cidade é feita de gente em fluxo Como o sangue quente Executivos astutos Firmam contratos e cheques Prostitutas famintas Devoram um marmitex Gerentes estressados Madames bem-casadas Encaram os desgraçados Que moram nas calçadas Calculam seu destino E economizam tempo Um bêbado fala sozinho E se detém um momento Mesmo sendo triste Tem seu encantamento E eu sou espectador, resignado É minha sorte ser Sozinho e errado Eu olho a cidade, com meu canto eu indago Existe alguém como eu do outro lado