Me desculpe, isso é tudo que posso fazer. Deitada, sinto a fria agulha de crochê, De repente começam a retalhar o meu bebê. Seus restos estão no lixo, De hemorragia eu vou sucumbindo. Já não vejo, já não sinto, Morremos em um aborto clandestino. Mancha negra, na verdade é borra de café. Sou apenas uma criança e não uma mulher. Se fosse como uma boneca pena que não é. Seus restos estão no lixo... Fui encontrada na calçada e encaminhada Para o hospital, Por dentro estava furada, Mas não era isso que me fazia mal. De longe um choro de criança Provocava-me uma dor carnal. Seus restos estão no lixo, De hemorragia eu vou sucumbindo. Já não vejo, já não sinto, Morremos em um aborto clandestino.