É noite meio assim, nem lá nem cá Sem brisa na janela, sem brilho no luar Eu tento me manter no presente O amanhã invade e começa a bagunçar Sabe como é, pinta um quadro mental Abstrato, meio exato, da orquestra imperial Tocando de trombeta, alaúde, oboé A minha consciência não, não sabe o que quer Hoje quero, amanhã não Hoje eu quero amanhã, mas depois não Hoje eu não quero nada, talvez nem amanhã De certo quero a beleza das manhãs Nasci no jogo mas não sou jogador Me embaraço com esse papo de vida doutor Como quem tudo quer e nada tem Sente por hora que o momento basta e assim vai mais além Se a troca não basta, de cara lavada Eu peço mais um tempo pra entender Nem toda tecnologia, invenção de cada dia Pode nos compreender A beleza, a beleza, a beleza das manhãs