Tavam Velando o Nicássio Diz que ligeiro no braço Índio brabo e peleador! Um dia se descuidou E a carneadeira lhe achou Certeira no sangrador Numa salinha apertada Se reuniu a peonada Mais a cachorrada junto Um sortimento de canha Pra que não houvesse manha E se esquecerem do defunto Numa desta o alípio torto Que era primo, irmão do morto Deu uma estufada no peito E gritou pra os bagaceiras Se parem com esta zoeira Que aqui eu quero respeito A frase ficou no ar Foi mesmo que cutucar Enxames de camotim A indiada toda pinguça Deu início na bagunça Que quase não teve fim No meio da confusão Os que perdiam o facão Se atracavam aos manotaços Que até o caixão do coitado Foi quase inutilizado De tanto coice e planchasso Novamente o Alípio torto Que era primo, irmão do morto Deu uma estufada no peito E gritou pra os bagaceiras Se parem com esta zoeira Que aqui eu quero respeito Depois de muito alarido Pegaram o caixão partido Já com o Nicássio do lado Do jeito que deu levaram E lá no campo enterraram Sem cerimônia ou cuidado As ferramentas que usaram Foram as mesmas que brigaram Porque não levaram enxadas Cavaram com faca e mão Não teve nem oração E a coisa foi encerrada Quando a ressaca passou Um parente perguntou Onde estava a criatura Procuraram até cansar E não conseguiram achar Nem morto, nem sepultura Quando a ressaca passou Um parente perguntou Onde estava a criatura Procuraram até cansar E não conseguiram achar Nem morto, nem sepultura