Aos poucos se vão os rastros Vem se minguando o campeiro Quase extinto é o carreteiro Se vai o Rio Grande em flor Num Canto-Terra de amor Defendo nossas verdades Pra nunca virar saudades Na goela de um cantador Rio Grande, do queixo atado Do bagual de lombo-duro Meu verso tosco, crinudo Com certeza vai cantá-lo Desde o índio de a cavalo Mais liberto que um relincho Ao mais torena bochincho Pela mão de uma donzela Da flor do cabelo dela Até o rastro de um capincho Rio Grande, dos mil segredos De lua pra castração Pra enfrenar redomão Mês de ralear arvoredos Conhecedor dos enredos Meu verso tosco, maceta Arrebentou a placenta Parido touro! E de pua! Bem numa troca de lua Quando descamba tormenta! Meu canto terra floresce Regado a suor de arreio Num pelado de rodeio Num tiro de toda trança Onde o pingo de confiança Fica cinchando altaneiro E o dente dos ovelheiros Ataca qualquer brasina Que pisoteia por cima Até do próprio terneiro Rio Grande do Quero-Quero Da seriema, do inhandu Rio Grande velho, do umbu Do angico, da Figueira Do espinilho, da aroeira Do cidró, da maçanilha Do varzedo e da coxilha Onde a boiada matreira Se farta de boiadeira E de grama de forquilha Legenda do mate amargo Pago do fogo de chão Meu Rio Grande chimarrão Em ânsia antiga que trago Rever-te forte, meu pago Como no tempo em flor Da espora e do tirador Da tesoura e do buçal É sonho que pediu sal Meu Canto-Terra, de amor!