Nesse tal de mês de outubro O meu viver anda rubro Aqui pras bandas do pai-passo. Já falei pro tio Norato Hay gado ilhado no mato Pois deu enchente no passo. Sou um índio aprevenido Mas me pegou distraído Essa chuvarada infame. E na cruza lá da sanga A ressaca se fez canga E arrebentou os arame. Patrão velho olha pra baixo Cuida desse pobre macho Nessa enrascada infinda. O rancho perdendo a quincha Do chapéu só tenho a vincha Pois ando de mal com a vida. Nessas noites de garoa Nem a cachorrada acoa Pra alegrar esse peão. A lenha só faz fumaça E ainda por desgraça To sem cordas no violão. Tão se terminando os vício To ficando sem munício A "cosa" ta ficando osca. Que miséria passa um "home" Bate o frio e bate a fome Começa a apertar a rosca. O meu pingaço de fé Também me deixou de a pé O que é ruim saiu da toca. Pois bateu um garrotilho No meu cavalo tordilho Casco mol e pura broca. Qualquer índio se achica To sem milho pra canjica E sem farinha pra o mingau. O rio já saiu da caixa E a sanga que era mais baixa Lá no passo não da vau. Mas que baita urucubaca Tão morrendo "tudo" as vaca Tão pesteando os meus bagual. Mas o meu santo não falha No charque bateram as gralhas E me limparam o varal.