E aí
Na sórdida mesa de um botequim
Um homem faminto chegou junto a mim
Dizendo que há dias que ele não come
Cortei um tasco do meu bife muito duro
Juntei dois pedaços de pão bem escuro
Fiz um sanduíche pra matar sua fome
Há quem diga
Que a tristeza foi embora
Há quem viva
Num verdadeiro mar de rosas
Mas a lama
Que suja as calçadas não deixa esquecer
Que a vida
Pra uns é fácil de gozar
Enquanto que pra maioria
Difícil mesmo é levar
E aí
Na sórdida mesa de um botequim
O homem comeu e olhou para mim
Como quem pergunta
E agora?
Pensei
Chamei o garçom, pedi a dolorosa
Paguei a despesa, inventei a desculpa
Estou atrasado, preciso ir embora
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