Os raios de sol adentram por todas as frestas da alma que infestam a sala
A porta dos fundos embaça nos olhos
E os passos trêmulos procuram um cheiro
Mas a mesa não foi posta
O silêncio dos pratos, talheres e copos pra brindar vazios
O estômago embrulha os restos de todas as dores
Pelos fundos da casa miseráveis estendem seus pratos
E não há ninguém mais lá
Lá fora o sol queima retinas e usinas aquecem o ar
E dentro de nós determina uma nova rotina a se disseminar
Lá fora o sol queima retinas e usinas aquecem o ar
Cheio de estilhaços podres
O cheiro de pólvora é doce
Enquanto o sol se avermelha aqui dentro é só gelo e solidão
As cinzas se espalham em cinzentas cortinas fechadas
E o peso da dor que carrega não é nada diante do monstro que habita por trás daquela porta
Armário fechado
Caminho lacrado
E não há pra onde se virar
Negras línguas que lambem a pele de cera
E um lívido rosto com medo da noite que chega lá fora
Lá fora o sol queima retinas e usinas aquecem o ar
E dentro de nós determina uma nova rotina a se disseminar
Lá fora o sol queima retinas e usinas aquecem o ar
Cheio de estilhaços podres
O cheiro de pólvora é doce
Agonizantes miseráveis com hipócritas palavras e meias verdades
Que só são coloridas com drágeas espalhadas em seu leito febril
Qual é a cor preferida?
A ação permitida?
Qual delas possibilita enxergar melhor?
Colorir o cinza e o negro de tudo que vê
O melhor não é escolher e sim permitir
Mudar as cores do seu papel, tingir de vermelho o novo céu
Do sótão da casa dos mortos
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