[Quando uma espora se cala Até a pampa silencia Fica um manso em rebeldia E um chucro mais bagual Na moldura da lareira Vira troféu de ilusão De quem desferrou o garrão Pelo êxodo rural] A orquestra da sesmaria Perdeu sua maestrina Que regia teatina O couro dos sem costeio Que cantava liberdade E silenciou pra saudade Dos que emalaram os arreios E o verso que andou calçado Com essas mesmas esporas Gavionando campo afora Ciscando em baile de rancho Veio hoje pra garganta Cantar a alma do pampa Que silenciou lá no gancho (Podem calar o "tirrim" Das rosetas cantadeiras Enquanto o verso de campo Andar plasmado no sangue Não calam a voz do Rio Grande Nem essas bocas campeiras) As puas dependuradas Conservam nos dentes gastos Gosto de sangue e de pasto Provado pela fronteira Onde andaram garroneando Campo afora milongueando Nas cordas da barrigueira As esporas na parede Retratam a realidade Que o tempo não tem piedade Nem com o aço sanguinário Quando a vida perde o brilho O homem vai pro asilo E a espora pro antiquário (Podem calar o "tirrim" Das rosetas cantadeiras Enquanto o verso de campo Andar plasmado no sangue Não calam a voz do Rio Grande Nem essas bocas campeiras) Nem essas bocas campeiras Nem essas bocas campeiras...