Daqui de cima eu vejo a tristeza e o desespero O refúgio é o cenário onde prevalece o medo As mãos que deu carinho também trouxeram feridas E a criança trás consigo o irmão na barriga O próprio lar é cenário de horror Habita a maldade onde é o lugar do amor Dentro do seu mundo sente-se uma prisioneira Pergunta pra si mesma onde está a alegria verdadeira Sangrando por dentro e chorando por fora Tenta disfarçar com sorrisos na escola Ela pergunta o por que do mundo ser assim Seu coração ferido deseja o próprio fim Seu pai nunca pensou nas consequências das ações Gritos palavrões abusos e contusões Na rua a cada pergunta uma desculpa Por medo vergonha não diz coisa alguma As barreiras do medo tamparam sua visão Atitudes do pai a deixa sem compaixão Daqui eu vejo o mundo e seu veneno Cada um pensa em si e assim vão vivendo Vejo pessoas reclamando por usar a mesma roupa Mas se olhassem para o lado nem abririam a boca Pra criticar tudo que tem em casa Um bom pai uma boa mãe comida e roupa lavada Daqui eu posso ver aquilo que eu não queria A fúria do mundão invadindo várias vidas Do alto da janela eu vejo prisioneiros Tão acorrentados os futuros co-herdeiros Ver o futuro onde não há futuro Onde as chances são jogadas por cima do muro Onde o pobre é esquecido eu vejo o sofrimento Do alto da minha janela vários comportamentos Atitude que sangra até a alma Uma postura que sempre vai perder a calma Pros heróis sobreviventes dessa história Só quem sente é o que guarda na memória Uso de drogas arma grosso calibre Ninguém sabe quem joga mais no mesmo time Mas a sentença do mundo é cruel É dobrado amassado que nem papel A fúria incontrolável desceu o asfalto Invadiu a mansão e tomou de assalto Mais um monstro que o sistema aqui criou Mais uma vida que o diabo adicionou Recorrer a quem pedir socorro pra quem Olha pro lado e pro outro e não vê ninguém Mas se olhar pra cima em direção ao céu Vai ver muito além do que a torre de babel O socorro vem de cima parceiro não desista Tá na hora de mudar as estatísticas Deus é por você e por mim por todos nós E vai ouvir a nossa voz Daqui eu posso ver aquilo que eu não queria A fúria do mundão invadindo várias vidas Do alto da janela eu vejo prisioneiros Tão acorrentados os futuros co-herdeiros Do alto da janela vejo contêineres mexendo Pessoas desprezadas que lixo vão comendo A cada luz do sol só existe a escuridão Outras só vem e vão há procura do cifrão Uns pedem nem precisam outros por necessidade Em quem acreditar entre a mentira e a verdade Daqui de cima vejo a pele sobre os ossos Só querem ganhar mesmo que não seja o pódio Seria bom acalmaria o desespero Diminuindo o índice de desemprego Aplausos difícil só criticariam Dizendo que são indigentes que ninguém influenciam Se não são exemplo pros seus filhos pois bem Não são exemplos pra ninguém Quem dera se todos pensassem num só corpo Talvez o grito não fosse tão alto por socorro Triste que no aniversário o presente é humilhação Tentando entender que o ser humano não tem compaixão Mas quem almoça a vaidade janta um pesadelo Ódio desprezo o prato tá feito Nem sabe o que aconteceu porque que estão assim Que essa hipocrisia viva bem longe de mim Quando o olho olhou a língua criticou O dedo apontou e ninguém o ajudou Daqui eu posso ver aquilo que eu não queria A fúria do mundão invadindo várias vidas Do alto da janela eu vejo prisioneiros Tão acorrentados os futuros co-herdeiros