Morava no porão, da casa de Cora
Dormia ao lado de uma bica d'água
Mulher muito simples, suas roupas fazia
Com saias rodadas e trapos de fita
Punha em sua roupa tudo o que via
Vidro, plástico, botões desusados
Pedaços e sobras, tiras pendentes
Argolas, enfeites, pendurucalhos
Maria é pobre, Maria é rica
Maria das muitas que andam no mundo
Maria, tão pobre, sem casa e morada
Maria, tão rica de imaginação
Sua trouxa, seu mundo, seu mundo, na trouxa
Guardando os trapinhos de um coração
Mais de sete saias, mais de cem grampinhos
Falando sozinha com seus botões
Maria é engraçada, subindo a ladeira
Com a trouxa sobre sua cabeça
Catando grampinhos, catando botões
Levando o mundo na brincadeira
E a gente levada correndo atrás dela
E ela nem aí para a gente
Catando grampinhos, catando botões
Vivendo a vida do jeito dela
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