Tenho ossos do meu corpo frágil como cristal Tenho a convicção de um prematuro funeral Tenho um sonho interrompido pela fatal doença Trágica, implacável, mantenho a fé na crença A morte é a única certeza da vida Deve ser o motivo das artérias entupidas De jovens que se rendem a cocaína, ou cigarro E eu sonhando com uma chance, sei lá, de ser salvo Poder colar nos campos, no estádio de futebol Vibrar na arquibancada, sentir o calor do Sol Respirar o ar da liberdade com saúde Sem prazo, validade, usufruir das minhas virtudes Sofrimento combate, a luta e a esperança Sem forças pra brincar de pique-esconde com as crianças Só queria ser exemplo, e não mais um sentenciado O coitado da família com o tempo cronometrado É, lenços enxuguei, lágrimas em oração Na esperança de Deus ouvir e ter a compaixão Atravessando o vale da sombra, tô na luta Enquanto o coração bater não lacrem a sepultura Ainda há vida pra viver, deixa eu respirar Enquanto o coração bater, ainda há vida pra viver Sangue diluído em água, ciente, prenúncio Pelo prontuário médico que sem discurso Confirmou, o tempo de vida estimulada Que eu devia aproveitar, os últimos sorriso em casa O último Natal ao lado de quem me ama Um baque pra minha filha ajoelhar ao pé da cama Respira pai, acorda, por favor não deixe agora Inevitavelmente, sincera lágrima rola E molha a face de um homem que espera E observa o pôr do Sol, atencioso na janela No castelo de madeira, vejo como as flores bela Dão mais vida, com as cores atraentes da favela Evolução aos meu, no século XXI Resistência, enquanto há vida na ambulância do SAMU Alvejados na clavícula, perda de consciência Estagiário o examina, buscando eficiência Crime contra a humanidade, genocídio racial A saúde do país divide em classe social Atravessando o vale da sombra, tô na luta Enquanto o coração bater não lacrem a sepultura Ainda há vida pra viver, deixa eu respirar Enquanto o coração bater, ainda há vida pra viver Fraqueza, anemia, falta de ar, perdão Com febre a 40, dores na articulação Tratamento quimioterapia, com frequência Substância cancerígena, células leucêmica Sistema imunológico, estimula suicida Leucemia é uma doença, maligna e facínora Que acaba e desfigura, o semblante com sorriso Que renasce a esperança, com um abraço do meu filho Imagem, semelhança de Cristo, seres humanos Não são capacitados ao perdão divino dos anjo Deixo em testemunho registrado em cartório Nenhum bem material mais que as flores do velório Seja branca como a paz, e as lágrimas transparente Estarei no horizonte, no céu estrelas cadentes Serei eu, após o fim estática, é óbvio Cobaia pra estudo, como os rato de laboratório Falência dos órgãos, pra transplante, medicina Linfático de corpo, mas a alma renuncia Atravessando o vale da sombra, tô na luta Enquanto o coração bater não lacrem a sepultura Ainda há vida pra viver, deixa eu respirar Enquanto o coração bater, ainda há vida pra viver