Descarada é a cara acareada Com a cara-metade em sua tara Fico fraco de fraque e de cartola Não careço por ter caraminhola Quem mata é capaz de desmatar Não precisa ser nenhum Deus pra isto Muita gente que fere, antes, desfere E depois vai pedir perdão pra cristo Sinto a farpa quando dedilho a harpa Solo em sua presença ensolarada Bailo todas ao som da balalaica Mostro a prosa mesmo sendo prosaica Meus desejos desfilam em caravanas Minha vida navega em caravelas Carapuça das minhas aduanas Caramunha das minhas aquarelas Sinto o mote quando sopro o fagote Também toco pra quem 'tá na tocaia No final do arco-íris há um pote Pro sujeito que não fugiu da raia Sinto falta de uma flauta doce Meu chocalho dando uma chacoalhada Eu não sou picareta, antes foice É por isso que estou com a cara enxada