Eu também quero cantá Na rima do mais ou meno Eu quero cumprimentá Quem me escuta, tá me veno E se acaso vocês me dá A licença eu tô quereno Cantando na rima dura Rima forte não me apura Por isso que eu fui nasceno Neste mundo que nóis tá Aonde temo viveno Um nasce pra regalá Outro pra vivê sofreno Argum nasce pra cantá Outro pra vivê gemeno O nosso Mestre Divino Comanda nosso destino Sem a gente tá sabeno Argum vem pra sê doutô Pra curá quem tá sofreno Outros vem pra benzedô Passa a vida benzeno Argum vem pra lavrado Planta pra outros ir comeno Um nasce pra sê pedreiro Outros vem pra sê coveiro Pra enterrá os que tão morreno Argum nasce pra ladrão Da polícia anda escondeno Argum vem pra sê patrão Na vida só vai cresceno E quem nasceu pra beberrão Vai passá a vida bebeno Eu nasci pra cantoria Cantando trago alegria Pra quem vive padeceno Amigo Carlos Caetano Escutei você dizeno Diz que o Rubens tá engordando E eu tô emagreceno Ocê com o Rubens tão inchando Que ocêis não tão percebeno O que eu acho engraçado Os dois junto empareiado Parece um fardo de feno Querendo me dá gordura Diz que eu tô quase morreno Sou home da carne pura Não posso aceitá veneno Eu sô magro de cintura Porque eu só vivo correno Esses dois barrigudão Tão com trinta de pressão Não sei como tão viveno Diz que eu só vivo caído Com as pinga que eu tô bebeno Que eu tenho o cheiro fidido Vivo por aí pendeno Mas meu borso anda servido Minha sina eu tô viveno Sou um véio cachacêro Mas bebo com o meu dinheiro Pra você não tô deveno Caetano me viu caído Quando tava escureceno Ele chegô perto do Cido Viu que eu tava padeceno E que eu tava estendido No meu borso foi mexeno Aproveitô da bebedêra Carregô minha cartêra E de lá saiu correno Agora vou terminá Que meu tempo tá venceno Pra quem veio apresentá Eu já tô agradeceno Deus que pague em meu lugá Pra mim não ficá deveno Quem viu nossa cantoria Fica com Virgem Maria Mãe de Cristo Nazareno