Sujo de dívidas até o pescoço, eu percebi bem cedo
Eu percebi daqui do fundo do poço
Que o mundo tem mais aventureiros do que aventuras
E o tesouro escondido persiste sempre prometido
Solferina é a cor do sangue
Que brota na curva da minha boca
Sempre um tumor no céu
No teto da minha boca
No céu um ponto que ressoa turvo
E eu me curvo diante de uma língua tão solta
A boca imunda é o meu terreno
De boca fechada fecundo o sereno
Vapores de pensamento
Nesse audiolivro pequeno
Palavras sabor gengiva
A sensação de que nada faz sentido
Me assalta e não me intimida
Na real isso só me motiva
Entre um algarismo e outro
Há um precipício
Nos resta criar pontes
E do fim ao início
Eliminar sombras
Entender as coisas
Eer fontes de luz
Ahhh, eu tô falando com o fogo
Essas palavras têm poder
Falo por mim
Mas represento um contigente
Por mais que eu duvide do meu eco
Carrego comigo toda essa gente
Eu fico pensando
Eu posso falar o que eu penso?
Ou é a vez de jogar o lenço?
E assistir outra luta
Brigas importantes
Antes eu as representasse
Mas eu sou quem eu sou
Esse é o meu impasse
Por mim combato meu próprio tipo
Patético se no fim sou só meu arquétipo
Só sei que isso eu não quero representar
Só sei que isso eu não quero representar
Antes eu to fodido
Sou o cara que vai trabalhar triste
Endividado, quebrado ou algo parecido
O cara que se afasta voluntariamente
E se sente culpado constantemente
Convive com fantasmas em sua ilha
O cara que corre
Sem querer saber o que sente
O cara que deixa de correr
Porque tem medo de tentar
Porque tem medo de morrer
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