O que é harmonia? Conheça tudo sobre este importante elemento da música
Entenda conceitualmente e com exemplos práticos o que é harmonia e seus tipos.
Você já deve ter se perguntado o que é harmonia. Para alguns, harmonia é cantar afinado. Para outros, são notas e acordes que se combinam para fazer música bonita. Acontece que nenhum está errado, mas, em ambos os casos, existe apenas uma visão superficial da questão.
De qualquer forma, a harmonia é, talvez, o elemento mais importante dentro do universo da teoria musical. Ela é o alicerce para a melodia e conversa diretamente com o arranjo. Além disso, a harmonia chega até, em certos casos, a definir o ritmo de uma música.
Mas qual a diferença entre os tipos de harmonia? Qual a diferença entre harmonia musical e harmonia vocal? Neste artigo, vamos esclarecer essas definições em todos os seus aspectos e características. Bora lá entender o que é harmonia?
O que é harmonia musical?
A harmonia musical se refere a grupos de notas sendo tocadas simultaneamente, e a relação desses grupos na progressão de uma música. Assim sendo, essas notas tocadas em conjunto devem gerar diversas nuances e “colorações” para a melodia.
No entanto, nem todas as notas combinam entre si. Dessa forma, para compreendermos melhor o que é harmonia, precisamos entender que as notas que se harmonizam se originam de uma escala.
Escala é uma sequência de notas tocadas uma de cada vez, separadas por intervalos de tons e semitons. Existem diversos tipos de escalas. Vamos pegar a escala diatônica maior de Dó como exemplo:
Sobreposição de terças
Uma das formas mais comuns para termos um grupo de notas relacionadas com a harmonia é sobrepor as notas da escala em intervalos de terça.
Ou seja, partindo da tônica Dó, vamos sobrepor a sua terça, que é a nota Mi. Da mesma maneira, sobrepomos a nota Sol, que é a terça do Mi. Assim, formamos um grupo de três notas que se harmonizam: Dó, Mi e Sol. Sim, estas três notas formam a tríade do acorde de Dó maior.
Podemos acrescentar uma quarta nota a esta tríade. Dessa maneira, sobrepomos a terça da nota Sol, que é o Si. Agora, temos a tétrade do acorde de Dó com sétima maior: Dó, Mi, Sol e Si.
Portanto, a harmonia musical trata da construção e progressão de acordes. Ou seja, grupos de notas combinadas e tocadas simultaneamente. Ao contrário da melodia, que é um grupo de notas oriundas de uma escala, só que tocadas sequencialmente.
O que é harmonia vocal?
A harmonia vocal também é composta pela relação de notas sobrepostas. Ou seja, ela também é formada por um grupo de duas ou mais notas soando ao mesmo tempo. No entanto, teremos pessoas cantando estas notas.
Desse modo, uma harmonia vocal pode ter, por exemplo, três vozes. Uma cantando a melodia a partir da tônica, outra cantando a partir da terça e, por fim, uma última interpretando a melodia a partir da quinta. É importante frisar que tanto a terça quanto a quinta podem estar acima ou abaixo da tônica.
Outra forma de harmonização é quando dois ou três cantores fazem um vocal de apoio cantando em “oh”, “ah” ou “uh”. Ao mesmo tempo, outro cantor interpreta a melodia principal da música.
Nesse sentido, a música This Boy, dos Beatles, é um excelente exemplo destes dois tipos de harmonia vocal. Confira:
Grupos vocais
Os anos 50 foram marcados, entre outros estilos musicais, pelos grupos vocais, o que ficou conhecido como doo-wop. Sua principal característica eram harmonias vocais em quatro vozes.
A música You Stepped Out Of A Dream, dos Four Freshmen, é um exemplo disso:
Harmonização em duas vozes
Este é o tipo mais comum de harmonia vocal. Um cantor faz a melodia principal, enquanto outro canta junto na terça ou na quinta, acima ou abaixo da voz principal.
Essa é a principal característica presente nas melodias da dupla Simon & Garfunkel, como podemos ouvir na música The Sounds Of Silence:
Tipos de harmonia
Para aprofundarmos um pouco mais nosso entendimento sobre o que é harmonia, vamos falar das três categorias que existem: tradicional, funcional e modal.
Harmonia tradicional
Quando a música teve início no ocidente, os músicos tocavam apenas melodias. Ou seja, não existiam acordes. Como resultado, surge o contraponto. Isto é, uma melodia complementando outra.
Com o passar do tempo, os músicos foram percebendo que era possível montar uma base que podia ser escrita em um grupo de notas. Assim, surgiram os acordes, fazendo o acompanhamento para as melodias.
Por consequência, originam-se o campo harmônico e as funções harmônicas.
Na harmonia tradicional, as notas de um acorde consideram as notas do próximo acorde. Bem como existem regras para a progressão de acordes vizinhos e acordes afastados.
Harmonia funcional
Este tipo de harmonia se baseia nas sensações que os acordes despertam no ouvinte. Dessa forma, cada acorde vai se encaixar em uma das três principais funções harmônicas. Veja:
- Tônica: passa a sensação de repouso e finalização;
- Dominante: gera a sensação de tensão que chama pela conclusão fornecida pela tônica;
- Subdominante: transmite a sensação de expectativa, que pode se fortalecer caso o próximo acorde seja a dominante. Por outro lado, se o próximo acorde for a tônica, a sensação passa a ser de repouso.
Harmonia modal
Lembra quando falamos que existem diversos tipos de escalas? Um destes tipos são as escalas modais, conhecidas como modos gregos. Nesse sentido, existem sete modos:
- jônio
- dórico
- frígio
- lídio
- mixolídio
- eólio
- lócrio
Portanto, a harmonia modal é composta pelos acordes gerados por estas escalas.
Contudo, a harmonia modal se baseia no modo gerado pela escala. Porém, ela não aborda as relações de funções harmônicas de um centro tonal, como as harmonias tradicional e funcional.
Como fazer uma análise harmônica?
Para sabermos como analisar a harmonia de uma música, temos que entender o que é campo harmônico.
Lembra da sobreposição de terças? É ela que vai gerar o campo harmônico. Assim, usando a escala de Dó maior e fazendo a sobreposição de terças para cada uma de suas notas, teremos o seguinte campo harmônico maior:
- Dó → Dó maior (C)
- Ré → Ré menor (Dm)
- Mi → Mi menor (Em)
- Fá → Fá maior (F)
- Sol → Sol maior (G)
- Lá → Lá menor (Am)
- Si → Si diminuto (Bº)
Antes das setas, temos as notas, enquanto à direita delas estão indicados os acordes correspondentes.
Cifra analítica
A cifra analítica nada mais é do que a utilização de algarismos romanos para identificar a função de um acorde dentro do campo harmônico.
Os acordes maiores são escritos com seu respectivo algarismo com letra maiúscula. Por outro lado, os acordes menores são indicados pelos seus algarismos escritos com letra minúscula.
Veja como fica a cifra analítica do campo harmônico de Dó Maior
- I (C)
- ii (Dm)
- iii (Em)
- IV (F)
- V (G)
- vi (Am)
- vii (B°)
Lembra da tônica, da dominante e da subdominante? Elas são, respectivamente, o primeiro acorde (ou grau) do campo harmônico, o quinto grau e o quarto grau. Portanto, o acorde de Dó maior é a tônica, o Sol maior é a dominante, e o Fá maior é a subdominante.
Assim, podemos analisar a harmonia de uma música de duas maneiras:
- Verificando se seus acordes estão no campo harmônico;
- Percebendo quais são as funções e sensações que os acordes causam.
Bora lá aprender a fazer esta análise?
Exemplos de harmonia musical
Agora, vamos entender na prática o que é harmonia, analisando duas músicas pelas maneiras citadas acima:
No Woman, No Cry — Bob Marley
Vamos começar verificando se todos os acordes de No Woman, No Cry, de Bob Marley, pertencem ao campo harmônico de Dó maior. Dessa maneira, os acordes destacados são os que aparecem na música.
- I (C)
- ii (Dm)
- iii (Em)
- IV (F)
- V (G)
- vi (Am)
- vii (B°)
Todos os acordes estão dentro do campo harmônico de Dó Maior.
Perceba que o refrão tem como último acorde a dominante (G). Assim, é criada uma tensão que se resolve com a volta da tônica (C) iniciando o verso.
A progressão de acordes do verso sempre acaba com uma expectativa gerada pela subdominante (F) e resolvida pela tônica.
Like A Rolling Stone — Bob Dylan
Vamos repetir as duas formas de análise em Like a Rolling Stone, do Bob Dylan.
- I (C)
- ii (Dm)
- iii (Em)
- IV (F)
- V (G)
- vi (Am)
- vii (B°)
Todos esses acordes estão dentro do campo harmônico de Dó maior.
Agora, perceba que a dominante (G) cria uma tensão para a volta do acorde da tônica (C) no verso. No entanto, a partir da ponte, uma expectativa começa devido ao uso da subdominante (F) como acorde inicial desta parte da música.
Dessa forma, essa expectativa vai virando uma tensão até chegar no último acorde da ponte, que é a dominante. Tal tensão se resolve com a volta da tônica no começo do refrão.
De maneira idêntica, o ciclo repouso – expectativa – tensão se repete por todo o refrão, devido ao uso da tônica, da subdominante e da dominante, nesta ordem.
Por fim, na última sequência do refrão, a tensão aumenta muito graças ao tempo maior que a dominante é tocada. Mas o repouso acontece com a volta da tônica no começo do verso.
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Carlos de Oliveira
Redator Web com especialização em SEO e escrita para blogs e redes sociais. Estrategista de conteúdo. Músico, compositor e colecionador de LPs, CDs e DVDs. Toca guitarra, violão, baixo, teclado, piano e bateria. Escreve para o Cifra Club desde abril de 2022.