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Escala bebop: tudo o que você precisa saber para começar a usar

Descubra o que é, como montar e como usar a escala bebop, tão característica do jazz!

Se você é fã ou tem curiosidade por jazz, já deve estar familiarizado com um subgênero específico chamado bebop. Essa forma de tocar e experimentar o jazz é tão marcante e influente na linguagem jazzística que acabou gerando sua própria escala: a escala bebop.

Guitarrista tocando a escala bebop
O bebop é um dos vários estilos de jazz (Foto: Reprodução/Freepik)

Nos vibrantes anos 40, um grupo notável de músicos, liderado por lendas como Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Thelonious Monk e Bud Powell, estava à frente de uma revolução musical.

O movimento que eles desencadearam ficou conhecido como bebop, que redefiniria o jazz, mas também deixaria uma marca indelével na história da improvisação, da harmonia e do ritmo.

Neste artigo, oferecemos uma introdução à escala bebop, uma das escalas musicais mais distintas e poderosas, criada por músicos visionários.

Vamos lá desvendar os elementos que tornam essa escala tão singular e relevante para músicos de jazz e além?


O que é escala bebop?

A escala bebop é uma escala de oito notas usada comumente para tocar jazz (especificamente bebop), para criar linhas melódicas fluidas e conectar acordes de forma suave.

Ela é uma escala geralmente usada sobre acordes dominantes, sendo um recurso essencial para qualquer aspirante a improvisador, pois adiciona uma dimensão única à sua expressão musical.

A principal característica dessa escala de jazz é que ela inclui uma nota adicional (uma nota de passagem cromática), tornando-a uma ferramenta útil para criar linhas melódicas ricas e interessantes.

Essa passagem cromática foi adicionada para garantir que as notas da harmonia coincidissem com os tempos fortes dos compassos (isso será explicado mais adiante no artigo).

Um bom exemplo da sonoridade dessa escala é a clássica Scrapple From the Apple, de Charlie Parker. Ouça:

Como montar a escala bebop?

Neste artigo, vamos abordar quatro padrões diferentes da escala bebop:

  • escala bebop “tradicional”
  • escala bebop dominante
  • escala bebop menor
  • escala bebop frígio dominante

Cada uma delas receberá o cromatismo em um lugar diferente da escala, como você poderá perceber.

Além disso, note que as escalas estão escritas em sua forma descendente. Isso porque é a maneira mais comum das escalas aparecerem (mas elas também podem ser usadas ascendentemente).

Escala bebop maior

O primeiro exemplo é a escala bebop maior. Nesse caso, ela utiliza as sete notas de uma escala maior natural e adiciona um semitom cromático entre o quinto e o sexto graus da escala.

Escala bebop maior em Dó na partitura
Dó – Si – Lá – Láb – Sol – Fá – Mi – Ré no pentagrama

No exemplo acima, o cromatismo está entre as notas Lá e Sol (Lá – Láb ou Sol# – Sol).

Escala bebop dominante

A escala bebop dominante é montada a partir do modo mixolídio. Ou seja, a partir de uma escala maior com a sétima menor.

A diferença é que a escala bebop dominante também adiciona um cromatismo entre o sétimo grau menor e o primeiro grau.

Escala bebop dominante em Sol na partitura
Sol – Fá# – Fá – Mi – Ré – Dó – Si – Lá no pentagrama

Montando a escala a partir da nota Sol, esse cromatismo ficaria Sol – Solb ou Fá# – Fá.

Escala bebop menor

A escala bebop menor tem uma abordagem parecida com a escala bebop maior. Isso significa que o cromatismo está localizado, também, entre o quinto e o sexto graus da escala.

Escala bebop menor em Dó com Si natural na partitura
Dó – Si – Lá – Lab – Sol – Fá – Mib – Ré no pentagrama

Outro aspecto que difere a escala bebop maior da escala bebop menor é que, nesta última, o sétimo grau pode ser tanto uma sétima maior quanto uma sétima menor.

Portanto, montando a escala sob a nota Dó, você pode usar tanto o Si natural quanto o Si bemol.

Escala bebop menor em Dó com Si bemol na partitura
Dó – Sib – Lá – Láb – Sol – Fá – Mib – Ré no pentagrama

Escala frígio dominante bebop

Essa é uma escala bem singular. O frígio é o modo montado a partir do terceiro grau da escala (em Dó, seria a nota Mi). Ele se caracteriza por ter segunda menor, terça menor, sexta menor e sétima menor.

Na escala frígio dominante bebop, o terceiro grau aparece como uma terça maior, criando um intervalo de segunda aumentada entre segundo e terceiro graus da escala, o que resulta em uma sonoridade bem particular e exótica.

Escala frígio dominante bebop em Mi na partitura
Mi – Ré# – Ré – Dó – Si – Lá – Sol# – Fá no pentagrama

O cromatismo nessa escala está localizado no mesmo lugar da escala dominante bebop, ou seja, entre o sétimo grau e o primeiro grau da escala (em Mi: Mi – Mib ou Ré# – Ré).

Como usar a escala bebop?

É importante lembrar que, como um elemento de linguagem musical, a escala bebop tem usos bem característicos que integram melodia, harmonia e ritmo.

Por exemplo, como mencionado anteriormente, as escalas bebop possuem oito notas para garantir que as notas do acorde sejam tocadas nos tempos fortes de um compasso. Assim, as outras notas caem nos contratempos.

Aqui vão algumas dicas para treinar a escala bebop:

1. Tocar a escala bebop

Primeiro, familiarize-se com a escala bebop tocando-a em diferentes tonalidades.

Comece com o acorde G7 para praticar a escala dominante. Já para a escala bebop maior, comece com o C6, subindo e descendo e começando em diferentes notas do acorde.

Com essa progressão, você já pode praticar em outras tonalidades e utilizar o segundo grau dessas tonalidades (ii, ou Dm7 em Dó Maior) aplicando a escala de G dominante bebop.

2. Ritmo

Trabalhe com diferentes ritmos ao tocar a escala bebop. Experimente diferentes padrões, por exemplo: colcheias; padrões com notas pontuadas, e, também, tercinas.

No caso das tercinas, você pode praticar a acentuação de dois em dois, criando um efeito rítmico interessante e garantindo que as notas enfatizadas são as notas do acorde.

Ritmo para a escala bebop na partitura

3. Arpejos bebop

Combine a escala bebop com arpejos de acordes dominantes, para criar linhas melódicas mais interessantes. Por exemplo, ao tocar o acorde D7, você pode usar o arpejo D – F# – A – C juntamente com a escala bebop.

4. Aplicação em progressões de acordes

Pratique a aplicação da escala bebop em progressões de acordes dominantes (X7). Outra progressão que você pode usar é I6 – vim7 –iim7 – V7 (em Dó: C6 – Am7 – Dm7 – G7), para usar diferentes tipos de escala bebop.

Além dessa, uma progressão V7 – im (em Dó: G7 – Cm) pode ser usada para estudar a aplicação da escala bebop frígio dominante.

Tente criar linhas melódicas que conectem os acordes de forma suave. Você pode usar a escala bebop correspondente a cada acorde na progressão. Além disso, lembre-se de transpor para diferentes tonalidades.

Gostou de conhecer e praticar a escala bebop? Compartilhe este conteúdo com seus amigos e colegas para que vocês possam trocar ideias e praticar juntos.

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Neste material completo, você vai achar mais conteúdo sobre escalas maiores, menores e pentatônicas, para ampliar seu vocabulário e aprimorar seu conhecimento musical!

E-book do Cifra Club sobre escalas musicais
Foto de Marco Teruel

Marco Teruel

Marco Teruel é músico e violonista, com mestrado pela USC Thornton School of Music (EUA) e doutorado em música pela UFMG. Seus interesses musicais incluem o repertório do violão clássico, a música dos séculos XVI e XVII, a música brasileira e o heavy metal.

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