A decadência é atestada nos olhos marcados de tempo de sua ridícula dinastia A mesma babaquice de sempre na mesa de jantar entre os velhos parentes Uma herança de orgia de ódio encoberta pelos laços de sangue Ninguém sabe quem é você Mas sabem bem quem você deveria ser Muita expectativa pra tanta comida Pouca bebida pra tanta mentira Conversa fiada pros ânimos se acalmarem O cunhado desejando a bunda da vizinha, Avó querendo a última dose de morfina O genro espera a hora certa de pedir um empréstimo As primas são as mais sinceras praticando incesto O vovô lança suas angústias no ventilador, O câncer levou seu pau, as coisas vão ficar animadas: prozac e presentes de natal… Ninguém sabe quem é você Uma páscoa, um natal, um ano novo Uma chacina, coca-cola e desgosto E você só queria um amigo franco… E o seu irmão sangrado ao chão, Não nasceu por pouco espaço O balanço no final das contas É que não valeu a pena Seria melhor uma mochila, a incerteza das esquinas E quem sabe um pouco de gratidão Dos estranhos que apodrecem no chão A instituição que você amou, te fudeu sem camisinha Te cuspiu na cara e não foi saliva Perguntaram quando você ia arrumar um emprego, Se essa sua roupa bonitinha Não seria de um boiolinha, Se esses seus amigos são viciados, Sua vida apenas um devaneio pintado Em traços de merda no corredor de um puteiro Eu vivo sim e vou vivendo!