Em casa há cores na TV Não são as mesmas que você vê Casamentos devorados no jantar Comida escassa; é tão difícil relaxar Estrelas vermelhas pelo céu Experiencia? Só registrada em papel E as notícias que vem sem nos avisar A liberdade é um imposto caro a se pagar No escuro do meu quarto (não tem respostas) Entre o teto e as paredes (não acho portas) Eu só quero uma era decente Em que eu possa aproveitar O fruto do trabalho que tive que me desdobrar Sem ter que vender a alma pra sanar Taxas de aluguel, água, luz e o ar Que agora eu tenho pra respirar Não torsa as folhas dos jornais Emprego tem de menos, sangue tem demais E não importa o conhecimento que você tem Sem carteira com um ano, você não é alguém Famílias dividem o mesmo pão E só comem hoje porque há exceção Porque quase nunca tem algo pra comer Estamos sempre ocupados para perceber Que não adianta perguntar (se não há respostas) Que não adianta reclamar (se nos dão as costas) Eu só quero uma era decente Em que o meu filho possa ser feliz Não ter que sobreviver em um país Que não pode ser dono do próprio nariz Sendo tapeado com esse disse-me-diz Desenhando o Sol no chão com o mesmo giz Não queremos o seu dinheiro Não queremos o seu coração (ah vocês querem sim!) Nós só viemos cobrar alguns encargos (mentira!) Pra viver sua vida com mais devoção! (ah tá) Mas eu não ganho por isso! Eu não posso pagar por isso! Eu entendo senhor Eu não trabalho por isso! Sim, senhor, ok Você não entende? Não tem filhos? (isso não vem ao caso) Senhor, por favor, volte para fila! Eu sei o que eu preciso! E não adianta falar pra mim Volte para fila ou vou chamar o seguran- (não você não sabe! Nós sabemos o que é preciso) Que é pro meu bem? Que vai ficar tudo bem? Quero a minha paz! Segurança! Segurança! Crime de ódio! Crme de ódio? (vai ficar tudo bem, vai) Devolva a minha paz! E não adianta perguntar (se não há respostas) E não adianta reclamar (se nos dão as costas) Eu só quero uma era decente Em que eu possa aproveitar O fruto do trabalho que tive que me desdobrar Sem ter que vender a alma pra sanar Taxas de aluguel, água, luz e o ar Em que o meu filho possa ser feliz Não ter que sobreviver em um país Que não pode ser dono do próprio nariz Sendo tapeado com esse disse-me-diz Desenhando o Sol no chão com o mesmo giz