Por noite dera truz-truz, bateram à minha porta
Donde vens, ó minha alma?
Venho morta, quase morta!
Já eu mal a conhecia de tão mudada que vinha
Trazia todas quebradas suas asas andorinhas
Mandei lhe fazer a ceia do melhor manjar que havia
Donde vens, ó minha amada, que já mal te conhecia?
Mas a minha alma, calada, olhava e não respondia
E nos seus formosos olhos, quantas tristezas havia
Mandei lhe fazer a cama, da melhor roupa que tinha
Por cima, damasco roxo; por baixo, cambraia fina
Dorme, dorme, ó minha alma. Dorme para te embalar
A boca me está cantando, com vontade de chorar
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