A cor da fome a cor do atraso me diz o nome A cor da sorte a guerra nobre a cor da morte A cor da farda que suspeita a cor da pele mata Enquadra ou forja a cor da pele é preta ou parda Favela vive resisti presente no passado O horizonte cadê a luz do fim do túnel chegado Operação chacina ou execução Cegueira é 39kg de coca no avião do capitão A cor do preconceito direito é segregação Vergonha ilusão vá pra porra querem pacificação O habito opera óbito a massa orbita O modo ódio ócio no morro a lei é cólera Daqui saem alimentos para 30 países O abandono vedação mapa da fome existe Tudo fora do lugar gavetas fora do lugar Do palácio ao planalto eles pregam família paz e lar Joaquim foi curioso quando era um guri Mal sabia ler já amava revista figuras e gibi E seus pais não importavam tanto com sua sacrílega Amava a vila rica usado como padroeira Alfabeto era luxo a fome da família As vezes barriga vazia o dizimo em dia Linguagem olaria arte de deixar no plumo Tijolos em pilhas versos pequenos assentando muros Na infância a lida e pouco de recreio A seca sacudia os pais que botavam medo Há muito tempo o tempo atrelado De zero brigas poucos perigos e nenhum pecado Livres pra voar Livres pra sonhar Sonhar Viajantes de uma longa vida Esperança que ainda brilha Pela busca uma tentativa Esperança que ainda brilha O sopro da cidade vizinha