Bem-vindo a minha cidade cárcere, maravilhoso no programa de TV é Salvador
Mendigo vira lixo, poca no crack, policial tortura criança condecorado pelo governador
Madame aperta bolsa da Louis Vuitton, buzu lotado igual a maleta do Geddel
Desemprego toma conta da mente do pai de família, que foi para pista desesperado e plew plew plew

Já tô de hora marcada com Dona insônia, ela me aguarda de vestido curto e fio dental
Mais igual a todos que se dizem meus amigos, ela vai me fuder, depois me abandonar no final
Problemas de um homem preto resumido em algumas letras
Pacífico por fora, mas por dentro é guerra e várias tretas

Saber ancestral, minha matéria mortal em conflito
Desejando ver Aécio e Cunha na Lemos de Brito

É tudo questão de tempo, não acredita nesse relógio irmão
Que só gira a favor do capital, não fica cego na busca do pódio irmão
É tudo questão de tempo, não acredita nesse relógio irmão
Que só gira a favor do capital, não fica cego na busca do pódio irmão

Questão de tempo somente
Ver quem age verdadeiramente
Sei que cada linha que escrevi se torna uma semente
Pra os muleque preto que vai lutar la na frente
Vou avisando, sua arma principal é sua mente

Vagner e Jhon Jhon, me ensinou o amor africano
Graças a eles, não quero mais segurar o cano
Em meio a tribulação, nessa vida de engano
Sem nenhum plano
Leviano, meu ódio só aumentando

Sem saída, cada dia vivido aproxima mais meu funeral
Mais um preto suicida (ou homicida)
Tô conversando com os mortos, tipo Facção Central
O rap ganhou um novo sobrenome, olha, agora ele se chama Rap game
Uma geração de bolso cheio, pobre de espírito, que diz que come todas as mina
Mais as mina que come não geme

É tudo questão de tempo, não acredita nesse relógio irmão
Que só gira a favor do capital, não fica cego na busca do pódio irmão
É tudo questão de tempo, não acredita nesse relógio irmão
Que só gira a favor do capital, não fica cego na busca do pódio irmão

Eu tô fudido, o rap de mensagem não tá batendo mais onda em vocês
Deve ser porque vocês omitem sua realidade, sonhando acordado em um dia ser burguês
Respeitado é respeitado, zé povinho é zé povinho
Meus B. O e meus problemas, sempre assumi sozinho

Rima, tipo ponto 40, pente lotado e certeiro
Não ameace, se você puxar, atire primeiro
Programa do bocão lucrando na hora do almoço
Exibindo nosso corpo cravejado de bala

O estado disse que eu sou doente e perigoso
Mais a voz da resistência de Pernambués não se cala
Não tô no rap para fazer picuinha ou pagar pau
Aprendi que a ideia vem antes do instrumental

O rap é compromisso nessa porra e não é viagem
Tô caminhando de encontro a morte, tipo Sabotage